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| As Sete Leis de Deus à humanidade |


Pergunta: Não sou judeu, mas aprendi desde criança que o sétimo dia é o que foi realmente santificado por Deus, e que a igreja não tem o direito de desfazer o escrito na Bíblia e transferir a guardia do sétimo dia semanal para o domingo, que chamam de "O Dia do Senhor". Percebo, porém, que guardar o sétimo dia é proibido para pessoas não judias, após ler as páginas acerca do pacto de Deus com a humanidade, segundo suas palavras, e fiquei confuso.


Resposta:

Primeiro, devo esclarecer: não são "minhas palavras". Meu povo, os israelitas, guardaram estas sete leis, acrescentando a elas o sinal da circuncisão abraâmica até o êxodo do Egito. Somente após, receberam as duas tábuas com os dez mandamentos para servirem de testemunho do que ocorrera no Sinai, em cujo acontecimento fomos ordenados acerca de toda a Lei de Moisés e diferenciados por esta Lei e por este pacto dos demais filhos de Noé, para o bem geral da humanidade. Assim, foi transmitido de geração em geração por nossos mestres a forma correta segundo a qual todo filho de Noé - ou seja, toda pessoa que não seja judia - de observar o pacto de Deus com a humanidade.

No entanto, não significa isto que esteja eu dando razão a quem separa um outro dia no lugar do sábado. Dá na mesma, pois trata-se da mesma proibição. é proibido para os filhos de Noé não somente guardar o sétimo dia, como também separar como santo qualquer outro dia semanal.

Há certas denominações da cristandade que dividem a Lei de Moisés em dois setores - e não sei de que cabeça mentecapta saíra tamanho disparate - como havendo duas leis: uma, ritual e humana; outra, obrigatória e divina. Ora, se devo pensar que parte da Lei veio de Deus, e parte não, quem pode garantir qual das duas vem de Deus? E, por que não m'o disse o próprio Deus no escrito, ou mesmo o profeta Moisés? Por que nas leis chamadas "ritualísticas", segundo tais pacóvios, está escrito que "disse Deus a Moisés: 'Fala aos filhos de Israel...'", como é o caso da "lei ritual" de fímbrias nas vestes? (Nm 15:37-40) Ou, será que Moisés tinha medo que o povo não aceitasse, e disse que foi Deus que ordenou, para ser melhor ouvido? Não trata-se de extrema pacovície?

Ademais, quando guardam o sábado, e fazem-no "santo" - de que santidade se dispõem? Do vero significado desse termo em hebraico, ou segundo sua fonte latina? (Por favor, entrando em nosso site, veja nosso glossário de termos bíblicos e talmúdicos a palavra "qôdech"). De onde sabem o que significa "não sair de seu lugar" (Ex 16:29) no dia do sábado? Haverá uma compreensão exata para "seu lugar" transmitido de geração em geração, ou tinha Deus o propósito de deixar a liberdade de explicação para cada pessoa ou dirigente eclesiástico, causando confusão? Não seria mais lógico que ao povo que isto fora dito explicara-se ali mesmo a que se refere? Seria sua casa, seu assento, seu leito? Sua cidade, seu quintal, ou sua rua?

E, a que tipos de trabalho se refere o escrito? Em hebraico temos duas palavras para "trabalho"! Como, então, saberemos como guardá-lo de acordo, se cada um pensa que tudo está bem explanado no texto bíblico, mas não sabem explicar como eram abatidos animais para sacrifícios e despojados de suas peles e entranhas no Templo no dia do sábado, além de serem lançados ao fogo! (Nem é necessário dizer que no Templo o fogo do altar era aceso também nesse dia!)

Outrossim, em seu pessoal caso, e com as palavras enviadas a nós segundo as quais tal foi-lhe ensinado por seus pais, e por sua forma de dizer aparentemente eram católicos, isto soa-me mais como caso de cripto-judaísmo, ou seja, que sua família possivelmente tenha origem nos judeus fugitivos da perfídia inquisitorial ibérica, que empeçara na Espanha em 1492, e perdurara no Brasil (contra a lei) até princípio do século XX, segundo testemunho de historiadores. Uma disquisição seria muito aconselhável, se for este o caso.

Em todo caso de grupos evangélicos que guardem o sábado (ou pensem saber guardá-lo), estáo entorpecidos em suas ideologias, como ocorre em outros meios desta classe cujas idéias diferem, quando as pessoas vivem mergulhadas numa tenebrosidade de sentimentalismo e escolhe para si mesmo em que deseja crer, em lugar de buscar sinceramente a verdade, dura e dolorida ou afável e anelada.

Rabino J. de Oliveira

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