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01 O preceito do chabat é
menos importante
em casos de periculosidade vital, como todos os demais preceitos.
Portanto, por todo doente que encontre-se em perigo [vital]
faz-se tudo o que lhe for mister no chabat, de acordo com
o prescrito pelo médico do lugar.
Em caso de dúvida se é necessário
profanar por ele o chabat, ou se não é necessário,
e assim também se um médico disser que deve-se profanar o
chabat por ele, e outro disser que não é necessário,
profana-se o chabat, pois dúvida de perigo vital é mais
importante que o chabat.
02 Se foi verificado [pelo médico] no dia do chabat,
e decidira-se que necessita de determinado tratamento por oito dias,
não pode-se dizer:
" - Esperemos até o anoitecer, para que
não tenhamos que profanar dois
chabatôt!", senão principiar [a profanar por ele]
o mesmo dia [no qual o tratamento fora determinado], que é chabat. E,
profana-se por ele até mesmo
cem chabatôt. Enquanto ele precisar, estando em perigo,
profana-se o chabat: acende-se-lhe uma vela, apaga-se a vela de diante dele,
pode-se abater [animais ou aves], panificar e cozinhar para ele,
esquentar para ele água, tanto para beber como para o banho de seu corpo.
Regra geral [neste assunto]:
chabat é para um doente que encontra-se em situação periculosa
como qualquer dia semanal em tudo o que concerne às necessidades que lhe são próprias.
03 O fazer estas coisas não deve ser por meio de gentios, nem por meio
de crianças, nem por intermédio de escravos ou de mulheres,
para que não lhes seja o chabat algo simplório, senão por
meio dos maiorais de Israel e de seus sábios. E, nem se ensina as mulheres a fazerem
estas coisas.
É proibido hesitar em concernência à profanação do
chabat
em caso de periculosidade vital, pois está escrito:
"...que fará o homem, e viverá por eles..." -
Lv 18:5, e não que morra por eles.
Disto aprendes que os juízos da Torá não são vingança no mundo,
senão piedade bondade e paz para o mundo.
Quanto a estes
minim que dizem ser profanação e,
portanto, proibido, sobre eles diz o escrito:
"Também lhes dei estatutos que não eram bons,
e ordenanças pelas quais não poderiam viver..." -
Ez 20:25.
04 A pessoa que sentir [problema] em seus olhos -
em caso que haja em ambos ou em um deles
remela, ou correm-lhe as lágrimas de tanta dor,
ou em que haja sangue derramando-se deles,
ou em que estiverem [seus olhos]
febris,
ou semelhantes a estes casos de enfermidade -
inclui-se tal pessoa entre os doentes nos quais há perigo vital.
Profana-se por ela o chabat, e faz-se para ela tudo o que for
preciso por necessidade medicinal [no chabat].
05 Todo o que houver nele
algum golpe interior em seu corpo
dos lábios para dentro - seja na boca, nos intestinos, no fígado,
no baço ou em qualquer órgão interior -
é um doente no qual há periculosidade vital.
Não é preciso que um médico determine,
pois trata-se de enfermidade grave. Portanto, imediatamente
profana-se por este o chabat sem
determinação médica.
Golpe na parte exterior do braço
(*) ou da perna é equivalente ao golpe interior do corpo, pelo que não necessita
uma declaração médica,
e deve-se profanar o chabat [nestes casos].
A febre que faz arrepiar o corpo é como um golpe interior,
e profana-se o chabat. Assim, tudo o que os médicos disserem que há nisto periculosidade,
mesmo que seja na epiderme, profana-se o chabat segundo determinado por médicos.
06 Alguém que haja engolido uma sanguessuga,
deve-se esquentar para ele no chabat e preparar-lhe tudo o
que for necessidade medicinal, pois é perigo vitalíceo.
Do mesmo modo, alguém que haja sido mordido por
um cão raivoso, ou por um dos répteis que matam,
mesmo que haja dúvida se causam a morte ou não,
deve-se fazer tudo o que for-lhe medicinalmente
necessário no chabat, para o salvar.
07 Se um doente precisar de dois figos passos
por declaração de um médico,
e apressaram-se dez pessoas para trazer-lhe, e trouxeram dez
figos passos a uma vez, todos estão
peturim mikelum. E, mesmo que todos hajam trazido um após o outro,
e mesmo que ao chegarem já se haja curado,
pois todos trouxeram dentro do limite da permissividade.
08 Se o doente necessitar dois figos, e não forem achados senão dois figos em dois
ramos [separados], e três figos em um único ramo - deve-se cortar o ramo no qual
hajam três, mesmo que não seja necessário mais que dois, para evitar o
aumento da realização da
colheita: corta-se um ramo, e não dois, e assim tudo
o que se assemelhe.
09 Se cozinhar para um doente no chabat, e comer o doente e sobejar,
é proibido para uma pessoa sadia comer do resto
(*), por decreto
que evita que venha a por um pouco mais a cozinhar para si próprio.
Mas se degolar [algum animal ou ave]
no chabat,
é permitido que coma da carne
ainda crua uma pessoa sã,
pois não há nisto aumento
[no que concerne à ação proibitiva]
para que possa-se dizer "que não aumente para si".
10 Quanto ao doente que não encontra-se em perigo vital,
todas suas necessidades são feitas por intermédio de
um gentio. Como assim? - diz-se ao gentio que faça para ele,
e ele faz: para cozinhar para ele e panificar,
que traga o remédio de um recinto para outro
(*), e tudo o que se assemelhe a estes. Também podem ser suas pálpebras
pintadas com sombra por um gentio no chabat,
mesmo não havendo nisto periculosidade.
E, se forem tais coisas [como o pintar da sombra]
parte das necessidades [concernentes à enfermidade],
isto pode ser feito mesmo por um judeu. Portanto,
pode-se levantar-lhe
as orelhas,
erguer-lhe
o esôfago no chabat,
bem como colocar de volta o osso fraturado em seu devido lugar.
Tudo o que a isto se assemelhe, é permitido.
11 A parturiente, no momento em que se dobra para o parto,
é uma pessoa que acha-se em periculosidade vital.
Deve-se profanar por ela o chabat, chamar-lhe uma parteira
de um lugar para outro, cortar o cordão umbilical, e amarrá-lo.
Se precisar de uma vela no momento em que
grita por suas dores, deve-se acender para ela uma vela,
e mesmo que ela seja cega, pois sua tranquilidade se lhe torna com
o acender da vela, mesmo que não possa ver.
Caso necessite óleo, ou tudo o que se assemelhe, deve-se trazer-lhe.
Tudo, porém, que possa ser feito mudando na ação do portar,
deve-se fazer ao trazer, como por exemplo,
que traga-lhe a amiga um utensílio
preso ao cabelo. Se, porém, não for possível mudar,
deve trazer normalmente.
12 Não se faz parto de uma mulher gentílica no chabat,
nem mesmo por estipêndio, e nem mesmo por temer a
inimizade, e mesmo que não haja profanação
[do chabat]. Mas, pode-se efetuar o parto de
uma filha de
ger tochav, pois somos ordenados a
fazê-los viver. Mas, não pode-se profanar por ela o chabat.
13 A parturiente, desde que o sangue comece a escorrer até o parto,
e após o parto até três dias, profana-se por ela o chabat, e faz-se
tudo o que precise, seja havendo ela dito que necessita que o façam por ela,
ou haja dito que não precisa. Desde o terceiro dia até o sétimo - se disser que
que não precisa, não profana-se o chabat - e, se calar-se, e é
desnecessário dizer se declarar que precisa, profana-se o chabat por ela.
Desde o sétimo dia até o trigésimo, é ela como um
enfermo que não corre perigo vital e mesmo que diga que precisa,
nada se faz, a não ser por intermédio de um gentio.
14 Pode-se acender uma fogueira para que se aqueça a parturiente,
e mesmo no verão, pois o frio é demasiado difícil de
suportar para a parturiente nos locais frios. Mas
não se acende
(*) uma fogueira
para um enfermo esquentar-se nela. Se extrair sangue e resfriar-se, acende-se uma
fogueira, mesmo na época de tamuz. E, banha-se o recém-nascido
no chabat, após cortar-lhe o umbigo, mesmo em água que foi esquentada no chabat.
Pode-se salgá-lo e enrolá-lo, pois é para ele caso de periculosidade,
se não fizerem-lhe todas estas coisas.
15 Similarmente, banha-se [o recém-nascido]
antes da circuncisão, e após, e no terceiro
dia depois dela, em água aquecida no chabat, devido
à situação de periculosidade.
Se a mulher assentou-se no
"machber" e morrer, pode-se trazer uma faca pelo
"rechut ha-rabim" e corta-se-lhe o ventre,
retirando a criança, pois pode ser que encontre-se vivo,
pois o caso de dúvida se está vivo ou morto
põe de lado a [importância da] guardia do chabat,
e mesmo neste caso, em que a maior possibilidade é que
não se ache em vida.
16 Atende-se a todo caso de
"piqúaĥ nêfech" no chabat,
e não é necessário para tal solicitar
permissão do
"bet din", e todo o que se adianta para salvar uma vida, é mais louvável.
Como assim? - se ver uma criança, por exemplo, que caiu no mar,
pode lançar redes e erguê-lo da água, mesmo que
pesque consigo alguns peixes. Se ouvir que afogara-se uma criança no mar,
e lançar uma rede para salvá-lo e retirar da água somente peixes,
é
"patur mikelum". Se teve a intenção de
elevar peixes e elevou os peixes em conjunto com a criança,
é
"patur", mesmo que nem sequer haja ouvido dizer que afogava-se
a criança: por haver retirado a criança juntamente com os peixes,
é
é
"patur".
17 Se cair uma criança num poço, pode-se tirar uma
"ĥuliá" e elevá-lo, apesar de estar consertando nela um degrau quando a retira.
Se trancar-se uma porta sobre uma criança, pode-se arrombar a porta quebrando-a,
e retirá-lo, mesmo que esteja rachando-a em estilhaços
que sirvam para trabalho,
pois pode ser que a criança se assuste, e
morra. Ocorrendo um incêndio no qual haja alguma pessoa
pelo qual teme-se que morra queimado, deve-se apagar o fogo para
o livrar, mesmo que esteja fazendo um caminho, e consertando-o durante o apagar do fogo.
Todo o que se antecipar para salvar, é [mais] louvável, e não necessita
receber permissão do bet din em todo caso no qual haja perigo vital.
18 Se sobre alguém ocorrer um desabamento,
e haja dúvida se encontrava-se ali, ou não;
ou se sobrevivera, ou se não -
deve-se procurá-lo. Se achar-se vivo,
mesmo que esteja esmagado e seja impossível que possa
sanar-se - deve-se verificá-lo e retirá-lo,
mesmo que seja para que viva por apenas uma hora mais.
Após verificarem até suas narinas,
sem encontrar vida,
deve-se deixá-lo ali, pois já é morto.
19 Após verificar entre escombros e encontrar os corpos superiores mortos,
não diga-se:
- Já morreram [também] os inferiores!...,
senão verifiquem-se todos, pois é possível no desabamento que
encontre-se o superior morto, e o inferior vivo.
20 Se em um mesmo
edifício houverem israelitas e gentios
(1), mesmo que seja um israelita único,
e cem gentios, se desabar sobre eles [o edifício],
averiguam-se todos por causa do israelita. Se um deles saíra para
outro edifício
(2), e desabar sobre ele o edifício para onde foi,
deve-se averiguar sobre ele [nos escombros], pois pode ser que este que se apartou
seja o israelita, sendo os que ficaram [no edifício de onde saiu], gentios.
21 Se saíram todos [sem exceção] do edifício para ir a outro,
e ao saírem, um deles se apartou e foi a um terceiro edifício, e sobre este
desabou, sem que se saiba quem é ele, não se verifica,
pois por haverem saído todos, não há aqui permanência
do israelita, e todo o que sair do meio deles enquanto andam,
é visto como saindo da maioria
(3).
Portanto, se a maioria for de judeus, mesmo havendo saído todos, e afastara-se um deles
indo para outro edifício, se desabar sobre ele, deve-se
averiguar.
(*)
22 Quem caminhar por um local deserto, sem saber quando é chabat,
deve contar a partir do dia em que se confundiu seis dias, e santificar o sétimo,
bendizendo a bênção [do
qiduch] do dia e fazendo a
havdalá na saída do chabat.
E, a cada dia, incluindo esse mesmo dia no qual efetua havdalá e qiduch,
é-lhe permitido o trabalho para seu sustento somente, para que não morra,
e é-lhe proibido mais que seu sustento,
pois todo dia é duvidoso se é chabat ou não.
E, se souber que determinado dia é o oitavo desde sua saída,
ou o décimo quinto, ou similar a estes números, este está
permitido de trabalhar naquele mesmo dia, pois é claro que não saiu
em viagem no chabat. Quanto aos demais dias, exceto este, pode fazer somente o suficiente
para seu sustento [sem lucro algum].
23 Gentios, se sitiarem cidades de Israel -
se vierem por dinheiro - não se profana o chabat,
e não se peleja contra eles.
Em cidades fronteiriças, mesmo se vierem por farelo ou
por palha, deve-se sair contra eles armados, e profanar o chabat.
Em todo caso, se vierem por assuntos concernentes a pessoas,
ou para fazer guerra, ou sitiaram sem motivo algum, deve-se
sair contra eles armados, e profanar o chabat.
É preceito sobre todo judeu que
possa, que vá em auxílio de seus irmãos que se acham sitiados
para livrá-los da mão dos gentios. E, é proibido que esperem até
terminar o chabat, e podem retornar com suas armas no chabat para suas casas,
para evitar seu tropeço [nesta lei, pois pode ser que no futuro não queiram ir].
24 Do mesmo modo, um navio que encontra-se em
perigo de naufrágio no mar, ou uma cidade que for circundada por um rio,
é preceito sair no chabat para os livrar em tudo o que puderem fazer para tal.
Mesmo uma pessoa solitária que esteja perseguido por gentios,
ou por quem quer que seja que queira matá-lo, é preceito livrá-lo,
e mesmo que seja fazendo algumas ações proibidas no chabat,
e inclusive é permitido consertar uma arma para o salvar.
Pode-se clamar e suplicar por eles
[a Deus] no chabat, e tocar o chofar por eles no chabat, para os ajudar.
Não se suplica, nem se clama por nada, no chabat.(*)
25 Pode-se sitiar cidades dos gentios três dias antes do chabat,
e batalhar contra eles a cada dia, inclusive no chabat, até conquistá-las,
e mesmo que seja
"guerra permissiva".
Através da chemuá, aprende-se
"...até dominá-la!" - Dt 20:20
- até mesmo em chabat. E, nem é
necessário dizer que o mesmo é válido para as "guerras preceituais",
pois
Iehochú'a não conquistara Jericó senão em chabat.
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