Todo o Michnê Torá | Voltar | Glossário
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Capítulo 1

01 Um complexo habitacional no qual convivam diversos coabitantes, cada qual tendo sua casa particular, é permissivo por lei da Torá que todos possam portar por todo o conjunto, das casas a seu pátio, e dele às casas. Isto, porquanto todo o complexo é [considerado] um mesmo recinto particular. A lei é a mesma na quelha onde haja uma ripa, ou viga, que todos os moradores são permitidos de portar por todo o interior do complexo, e dele para a viela, ou vice-versa, pois toda canelha é recinto particular. Equitativamente, uma cidade adarvada com muros cuja altura seja [no mínimo] de 10 tefaĥim, que tiver portais que possam ser fechados à noite, toda ela é [vista como sendo] um recinto particular.

02 Todavia, por decreto dos "soferim" é vedado aos moradores portar no recinto [tido como] particular, dividido entre os moradores, até que associem-se todos os moradores na véspera do chabat - tanto o conjunto residencial quanto o beco, ou a cidade toda. Trata-se de um decreto de Salomão e de seu tribunal.

03 De igual forma, habitantes de tendas e barracas, ou um acampamento cercado, não podem portar de uma tenda a outra, senão após associarem-se todos. Quanto a uma caravana circunvalada, não precisam os componentes associarem-se, podendo demover de uma tenda à outra sem precisar 'eruv, pois todos já acham-se agremiados, sem serem suas tendas manentes.

04 Por que razão decretara isto Salomão? - para evitar que as pessoas equivoquem-se, pensando que "se é permitido retirar dos complexos para as ruas da cidade, e para suas praças, e delas introduzir a eles, é igualmente permitido retirar da cidade para o campo, e introduzir do campo para a cidade", pois cogitariam que as praças e as ruas - por serem recinto de todos em geral, equiparam-se aos campos e aos desertos - e pensariam que somente complexos são recintos particulares, sendo que a partir deste raciocínio pensarão que portar objetos não é uma das ações proibidas, e que é permitido retirar ou introduzir do recinto particular ao público, e vice-versa.

05 Por isto, decretou que todo recinto particular que estiver divido entre os moradores - sendo que cada um tem seu domínio particular, de forma que reste nele lugar pertencente a todos, e o poderio de todos é igual nele, mas tendo cada um sua parte pessoal nele, que por si só é recinto particular - como se fosse um recinto público, que seja proibido retirar do recinto que lhe é essencialmente particular ao que é dividido por todos, onde o domínio de todos se equivale, assim como é proibido retirar do recinto particular para o público, senão que use cada um somente do recinto próprio, até que façam o associamento, e isto, apesar de ser tudo recinto particular.

06 Que é tal 'eruv? Que associem-se entre si com determinado alimento que deve ser depositado na véspera do chabat, como que dizendo que "somos comprometidos uns para com os outros, pelo que temos um mesmo alimento em comum, sendo que nenhum dentre nós tem direito ao setor mais que outro; senão, assim como o poder de todos nós é igual neste lugar que nos resta , de mesmo modo o poder de todos nós é igual no local pertencente a cada um por si próprio, pelo que somos todos nós um mesmo domínio." Através deste ato, não chegarão ao equívoco, achando ser permitido retirar ou intrdoduzir dos recinto particular ao recinto público.

07 O compromisso entre os moradores de um complexo habitacional partilhado, é chamado 'eruv. Quanto ao associar-se entre os moradores que partilham uma mesma quelha, ou entre todos os habitantes de uma cidade, este é chamado chituf.

08 Não se faz 'eruv nos complexos residenciais a não ser com pão inteiriço. Mesmo um pão cuja medida seja um "seá", se for fatia, não pode-se fazer o 'eruv com ele. E, se for inteiro, mesmo que tenha o tamanho de um "issar", pode-se fazer o 'eruv com ele. Assim como se faz o 'eruv com pão de cereais, pode-se fazer também com pão de arroz, e pão de lentilhas, porém não com pão de milhete. Quanto ao chituf, tanto faz que seja usado o pão, ou demais alimentos. Exceptua-se somente a água pura, ou o sal puro. Assim, os fungos e as trufas: não faz-se o "chituf" com eles, por não serem considerados "alimentos". Se misturar a água e o sal, assemelha-se a salmoura, pelo que pode-se fazer o chituf com a mistura.

09 Qual a medida de alimentos para o chituf? - um "kagerogêret" para cada uma das pessoas que partilham a viela, ou para os habitantes de uma cidade - isto, desde que sejam em número de dezoito pessoas - mas, se forem mais que isto, a medida é duas refeições, que é o volume equivalente a dezoito figos ressecados, que são como seis ovos médios. Mesmo que sejam os coligados em número de milhar, ou de centenas de milhares, a medida é de duas refeições para todos.

10 Todo alimento sorvido tal e qual é, como pão ou certos cereais, ou a carne crua, se fizerem com tais o chituf, a medida é "duas refeições". E, tudo o que for "liftan", e o costume popular é comer como acompanhante do pão, como por exemplo o vinho cozido, a carne assada, o vinagre, a salmoura, as azeitonas e os talos da cebola, a medida é para que comam com um dos tais duas refeições.

11 Se for feito o chituf com vinho natural, a medida é duas revi'iôt para todos. O mesmo com o uso de outras bebidas inebriantes. Se for feito com ovos, a quantidade é dois ovos, e pode-se fazer com eles, mesmo estando crus. Romãs, duas; cidra, duas; nozes, cinco; peras, cinco. Verduras, uma "litra", cruas ou cozidas. Se, porém, estiverem meio cozidas, meio não cozidas, não pode-se fazer o chituf com elas, por não serem aptas para alimentação. temperos, uma "'ucla". Tâmaras, um "qab". Figos secos, um "qab". Bloco de figos, um "manê". Maçãs, um "qab". Cuscuta, um punhado. Fava, ainda verdes, um punhado. "Ĥazin". As variedades de espinafre fazem parte das verduras, pelo que pode-se fazer com eles o chituf. As folhas de cebola não podem ser usadas para o chituf, a não ser quando já derem broto e atingirem o comprimento de um "zêret". Menos que isto, no considera-se alimento. Todas estas cousas citadas, são como "liftan"; por isto, estipularam essas medidas para cada um deles. Assim, tudo o que a esses assemelhar-se, e todo alimento adiciona-se à medida para o chituf.

12 A litra em todo lugar onde for citada, é o conteúdo de duas revi'iôt; a 'ucla, meia revi'it. Manê, em todo lugar onde for citado, são cem "dinarim", e o dinar, seis ma'ôt. Quanto à ma'á, é o peso de 16 [grãos] de cevada. Um "sela'" contém quatro "dinarim". A "revi'it" contém em peso ao medir a quantidade de água ou vinho 17½ "dinarim", aproximadamente. Assim sendo, a "litra" terá por medida de peso 35 "dinarim", e a "'ucla", 9 - ¼ de "dinar".

13 A "seá" citada, onde quer que seja, é o conteúdo de seis "qabin"; o "qab" contém quatro "login"; o "log" contém quatro "revi'iôt", sendo que a medida da "revi'it" já foi bem elucidada, e também a medida de seu peso. Essas são as medidas que o israelita precisa sempre memorizar.

14 Alimento permissivo - mesmo sendo proibido a quem associa - pode fazê-lo com ele, e também associar-se ele mesmo. Como assim? - pode um nazir associar-se com vinho, e um israelita [qualquer] com terumá. E, assim, a pessoa que fizer voto sobre determinado alimento , ou que haja jurado que tal não comerá, pode associar e associar-se com ele, pois se não é alimento próprio para um, o é para outra pessoa.

15 Porém algo proibido ao povo em geral, como "têbhel" cuja terumá não haja sido separada corretamente, ou o segundo dízimo e heqdech que não hajam sido resgatados de acordo com a halakhá, não pode-se fazer - nem 'eruv, nem chituf - com eles. Mas pode-se fazer 'eruv e chituf com demai, por ser adequado para os pobres. Também com o segundo dízimo resgatado, e mesmo que nã haja dado a quinta parte, pois o quinto não impede. Em Jerusalém pode-se fazer o 'eruv com o segundo dízimo, pois lá é ele apto para alimento. Mas, não nas demais cidades..

16 Como faz-se o 'eruv nos complexos habitacionais partilhados? - toma-se um pão inteiro doado de cada uma das casas, deposita-se todos em um mesmo utensílio de uma das casas integrantes do complexo, mesmo que seja no paiol ou no estábulo, ou despensa. Mas, se colocarem em casa na qual haja portão particular, ou numa êxedra, ou numa varanda, ou em uma casa naqual não haja a medida de 4X4 côvados, não é 'eruv. Quando reunir o 'eruv, bendiz:
"Bendito é Tu, Adonai nosso Deus, Rei do Universo, que nos santificaste com Teus mandamentos, e nos ordenaste sobre o mandamento do 'eruv!"
e, diz ainda:
"Por intermédio deste 'eruv será permitido para todos os deste complexo habitacional, retirar e introduzir de uma casa a outra no chabat!"
e é permitido que um menor receba das pessoas os 'eruvin. Quanto à casa na qual for depositado o 'eruv, não precisa dar o pão. No caso de estarem acostumados a depositar em determinad casa, não deve-se cambiar desta, por motivo de conservação da paz.

17 Como faz-se o chituf de uma quelha? - toma-se alimento de cada um na equivalência de "kagerogêret", ou menos que "kagerogêret", no caso de serem muitíssimas pessoas, e deposita tudo em um mesmo utensílio em um dentre os complexos habitacionais da mesma quelha, ou em uma das casas. Mesmo uma casa pequena, ou êxedra, ou varanda, e é chituf. Se, porém, for colocado no espaço aéreo da canelha, não tem validade como chituf. No caso em que o utensílio for depositado no átrio do complexo habitacional, é mister que esteja acima do solo um tefaĥ, para que haja reconhecimento. Bendiz-se, então, a bênção relativa ao 'eruv. Deve-se proferir, em seguida: "Por intermédio deste chituf, ser-nos-á permitido aos habitantes que circundam este beco retirar e introduzir dos complexos a ele durante o decorrer do chabat."

18 Se dividirem o chituf, mesmo sendo em uma mesma casa, não tem validade como 'eruv. Mas, se encher um utensílio com o 'eruv, e deixar um pouco dele ao colocar em outro utensílio, isto é permitido.

19 Os que fizerem o 'eruv precisam fazê-lo no átrio do complexo habitacional, para que não perca-se a memória da lei do 'eruv das crianças, pois os petizes não reconheceriam o que for feito no beco. Portanto, se o chituf for efetuado na quelha por intermédio do uso de um pão, apóia-se neste feito, sendo desnecessário que um 'eruv seja feito para os complexos entre si, pois as crianças reconhecem-no, por ser pão. Um grupo de pessoas que estiverem ceando em uma das casas, e entrar o chabat durante o cear, o pão que estiver sobre a mesa pode ser tido como 'eruvê hatserôt. E, se quiserem tê-lo também como chituf, podem fazer isto, apesar de estarem ceando no recinto do complexo.

20 Se um dos moradores de determinado conjunto residencial tomar um pão, e disser: -Isto é por todos os moradores do complexo!, ou alimento suficiente para duas refeições, e disser: -Isto é por todos os moradores que partilham esta quelha!, não precisa receber de cada um deles; mas, precisa fazer com que eles tenham posse nisto através de outra pessoa. Pode fazer com que tomem posse através de seu filho ou de sua filha maiores, ou por intermédio de seu escravo hebreu, ou sua própria esposa; mas, não por intermédio de seu filho ou filha menores, ou escravo cananeu, pois o poderio deles, é o mesmo seu.

21 Assim também pode fazê-lo através de sua escrava hebréia, ainda que seja menor, pois o menor pode transferir o mérito a outros em coisas que forem por "dibrê soferim". Não é prescindível que faça saber às pessoas que partilham o mesmo recinto residencial que transfere-lhes o poderio, ou para os moradores que circundam uma mesma viela, pois o mérito de posse que é-lhes transferido; e, transfere-se o mérito sobre algo na ausência do que deve tomar posse.

22 Não faz-se nem 'eruv e nem chituf no dia do chabat, senão na véspera. Mas, pode-se fazer 'eruvê hatserôt e 'chitufê mevoôt durante o principiar do arrebol, apesar da anfibologia desse horário, se parte do dia é, ou se da noite. Sem embargo, o 'eruv ou o chituf precisam estar existentes e prontos para alimento. Por isto, se cair sobre ele um torrão, ou se perder-se, ou se era uma terumá, e impurificou-se ainda de dia, não tem validade como 'eruv; mas, se ocorrera após o escurecer, é 'eruv. Em caso de dúvida se foi antes ou depois, é válido como 'eruv, pois no caso de dúvida é apto.

23 Se colocar o 'eruv em uma caixa, e trancar, perdendo a chave antes do escurecer - se não for possível retirar o 'eruv senão realizando uma das ações proibidas no arrebol - é considerado perdido, pelo que não tem validade como 'eruv, pois não há como sorvê-lo. Havendo separado a terumat ma'asser, ou a terumá gedolá, e condicionado que não será terumá senão ao escurecer, não se faz o 'eruv com ela, pois ainda é têbhel no arrebol, e é preciso que seja refeição apta ainda de dia. .


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