JUDAÍSMO(S)

Na verdade, o que fora recebido no Sinai foi uma única Torá. Em nossos dias, porém, as divisões e subdivisões no meio religioso judaico tende a levar a pessoa que vê de fora como algo natural, pois "todas as religiões tem suas facções! Isto é comum no cristianismo,é comum no islamismo, e demais religiões e credos. Por que não o seria no judaísmo?" - contudo, o judeu, por menos praticante que seja, sempre perguntará: "Que aconteceu conosco?" - na verdade, todos sabemos: é fruto da diáspora, longa, dura e sofrida. Ela nos fez querer ser como as nações, e eles têm suas distintas facções em todos seus "ismos".

Primeiro, devemos esclarecer que a palavra "religião"é estranha à língua hebraica, e que a expressão "fé" - do latim "fides" - nada tem em comum com a palavra hebraica "emuná", comumente traduzida por fé. "Religião" deriva do verbo latino "religare", (religar) e exprime certa idéia proveniente do antigo paganismo greco-romano segundo a qual cria-se estar o homem desligado (por seus pecados - outra palavra estranha às línguas semíticas em geral) de seu deus, devendo a ele religar-se por algum feitio, conforme determinado pelos sacerdotes de cada credo. Essa forma de pensar não é originária da fé cristã, na qual o uso é comum, senão sua origem está nos credos dos quais recebera influências exteriores à recebida dos primeiros apóstolos, que eram judeus, as religiões pagânicas citadas acima.

No hebraico atual, tratando-se de um idioma antigo - tido por dois milênios como língua morta - sendo neste século ressucitado, há uma necessidade de traduzir termos "internacionais" ao idioma hebraico, e "religião" faz parte da longa lista. A palavra "dat" significa "lei" em sentido constitucional, e se em sentido teocrático ou não, isto nada tem a ver com o termo latino citado.

A Torá foi tida pelos hebreus na antiguidade, bem como pela ortodoxia hoje em dia como constituição divina outorgada por Deus, a qual dirige toda a nação israelita como um todo, bem como o indivíduo judeu particular. As demais diferenças entre os diversos grupos ortodoxos - que deveria ser apenas um e indivisível - merecem uma atenção especial, e carecem de um esclarecimento individual e esquadrinhador de vários aspectos da história judaica que originara tal situação. Isso é importante sobretudo para quem tem como meta servir a Deus, disposto a desfazer-se de suas próprias ideologias para tanto. O grande filósofo Abert Camus disse certa vez que os religiosos de nossa época servem-se a si mesmos e não a seu deus. Com certeza, muitos se fixam em sua pessoa em aprticular, por desvios psicológicos, mas indo mais além sempre há os que se apoiam na "religião" para defender suas teses e ideologias.

Outrossim, todos fugimos à realidade. Todos buscamos pertencer a um grupo, ao qual nos afeiçoamos, seja por seus elementos atraentes interiores ou exteriores.

Neste ponto, pensam um que querem ser "ĥassidim" - algo cuja propaganda está repleta de beleza, de misticismo sonhador, de milagres e encantos! Isto se adapta muito bem à mentalidade do brasileiro, comumente sonhador, afetivo e amante da natureza.

outros, modernizadores e impetuosos pelo progresso - preferem uma linha mais aberta, mais "normal para nossa época", menos ligada aos velhos que passavam quase todas suas vinte e quatro horas mergulhados no Talmud, quase sempre ranzinzas - por ver os netos e bisnetos "mal-vestidos", ou seja, segundo o ponto de vista da Torá - indecentemente.

Outros, misoneístas declarados, são contrários até mesmo ao uso de artefatos e invenções modernas que em muito poderiam ajudar em questões importantes, como a difusão de conhecimento em prol dos seres humanos que lhe são próximos ou distantes, por igual.

Não somos contra um, nem contra o outro. nada temos contra as pessoas ou contra as ideologias. Nossa ideologia é apenas uma: cumprir com o que nos foi ordenado no Sinai, admitindo ser a Torá transcendental, sem tentar mudar em nada - e não por misoneísmo, ou por modernismo, senão por que ela não está submetida ao tempo, nem pode envelhecer ou modificar-se.

Caso um venha a dizer-nos: " - A Torá não foi dada para nossa época!", ou: " - Os tempos mudaram!" - diremos a esta pessoa que sua primeira afirmação está errada, e segunda, correta, mas não por ela vivemos. Pois o ser humano é dinâmico - e seus "tempos" mudam.

As pessoas têm a tendência de pensar que a roupagem ortodoxa feminina é algo "da antiga", que devemos vestir-nos "modernamente", segundo a moda; nada de roupas que lembrem minha bisavó!

Acaso são mais modernos que os antigos gregos? A indescéncia, então, para os que viveram na idade média, era coisa do passado!! Era coisa da antiga Grécia, anterior ao período cristão! Onde pode-se imaginar (ainda em nossos dias!) - corridas olímpicas de jovens nus?? - isto - porquê não dizem ser coisa do passado??

Vestir-se com prudência é mais do que mandamento religioso: é virtuosidade. É recato, é auto valorização, especialmente no mundo atual no qual prolifera a pornografia, e as mulheres e suas fotos são propagandeadas como objetos de prazer sensual. Mas, quantos vêem isto assim? Quantos, no ocidente, entendem que as mulheres hebréias e islâmicas, que vestem-se de maneira diferente das do ocidente, se auto-valorizam, não por imposição masculina ou algo pelo estilo, senão por pura auto-estima? Quantas mulheres se dão conta de que a maior beleza feminina acha-se em seu recato, em sua auto-estima como mulher, como ser humano, não como objeto para os olhos masculinos?

Não podemos dizer que somos "ortodoxos" como se entende hoje o termo, pois atualmente, muitos preceitos - caso perguntemos a algum ortodoxo acerca de seu cumprimento - dirá seguramente que "em épocas remotas, quando as pessoas eram mais capacitadas..." - nem reformistas, pois cremos ser a Torá imutável e eterna, e que os preceitos podem e devem ser cumpridos em todas as gerações, incluindo a nossa e a vindoura. Tampouco damos importância a certos indumentos, nem pensamos que o portar-se indumentário, ou seja, sendo dependente do que veste para sentir-se mais forte em seu auto-controle, seja algo que nos fortaleça individual ou grupalmente. Outrossim, não vemos permissão alguma para que se desfaça o hebreu amante de seu Criador e temente, o vestir-se de indumentos extravagantes, indecentes ou impróprios. Cor - não é importante, nem um "terno europeu" e "chapéu dos anos trinta" consta na Torá, muito menos vestir-se de negro por "luto pelo Templo", sem que seja a forma de luto judaico, sem que os Sábios no Talmud - nossos juízes do Sanedrin - hajam decretado tal.

Simplesmente - esta miscelânea de pensamentos influenciados pelo exílio nos afastou do que realmente somos, e do que Deus realmente requer de nós como hebreus, filhos de Israel: o cumprimento da Torá tal e qual ela é - e isto é o que oferecemos ao caro leitor, sem facções ou sectarismo religioso.

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